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domingo, 5 de setembro de 2010

JOANA D' ARC - CONTO DE ABERTURA - LOUCURAS INCONTÁVEIS





JOANA D’ ARC



                             Poderiam xingá-lo de tudo. Ele aceitaria. Ele, a criatura mais nojenta da face da Terra; a mais frágil, a mais débil; era naquele momento um poço abastado de coisas grandes e pequenas, todas de sabor amargo. O que pairava sobre ele era um odor de ódio, uma atmosfera insalubre, uma vontade de auto flagelar-se, de cortar os pulsos, de fechar portas e janelas e abrir o gás.
                          -Blargh!- Vômitos, tremores, dores, vertigens, suores, calafrios, gritos, convulsões.
                          As outras apenas adiam o desejo maior por ela; mas não fazem esquecê-la. Ele a odeia profundamente e se odeia mais ainda por amá-la, a ponto de não viver sem ela. Amor e ódio; o que são além da mesma coisa? Naqueles dias, amor não era mais que um sentimento de necessidade; ódio ao sofrimento que sentia, do qual só ela curaria (com seu amor?). Ele sabia que depois de tê-la, estaria dando margem a outras dores e culpas; mas agora só as que sentia faziam sentido.
                          Ele precisava dela!
                          As outras distraíam de uma forma a tentar driblar a dor, a esvaziar seu pensamento, de tirar-lhe as forças, de sugar-lhe as energias que usaria para ir atrás dela. Só que seu pensamento estava sem saída; estava vendo as mesmas imagens, usando as mesmas palavras, escrevendo os mesmos versos, sonhando com as mesmas pessoas.
                          Ele precisa dela!
                          Quando a possuía, ela o possuía; dominava-o, acalmava-o, tirava suas neuras, o punha em paz, em transe profundo; colo de mãe, carinho de namorada, leito nupcial. Nada mais importava, todos os becos tinham uma só direção, todos os caminhos levavam a ela.
                          Não suportou, reuniu os cacos de força que ainda tinha. Comprou junto com uma seringa. Amarrou o braço, a veia saltou e Joana D’ Arc entrou em seu sistema circulatório e quase que instantaneamente no cérebro. Ele desfaleceu no chão da sala. Por um segundo pensou no dia seguinte; de que seu desejo seria ainda mais forte e sua força de vontade ainda mais fraca. Pensou isto por um breve segundo, antes que Joana se atirasse sobre ele, agarrasse, imobilizasse e transasse com ele, ali mesmo no chão da sala, com Jhimmy Hendrix de fundo musical.
                           

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